Friday, January 09, 2009

O dia que pulei o muro do cemitério.


No último dia que passei em Dublin, fomos abandonados pela japinha, que decidiu ir trabalhar, porque alguém tem que trabalhar enquanto os outros se divertem.

Como ainda era cedo, meu host friend preferido, na Irlanda, decidiu me levar para Malahide, uma vila no suburbio de Dublin onde tem praia, campo, um parquinho e um castelo lindo de porta vermelha que estava fechado não sei muito bem porque.

Pegamos o dart, como eles chamam o trem, e fomos pra lá. Não sei muito bem quanto tempo demora a viagem, porque estava entretida com um cookie MARAVILHOSO e com a conversa sempre boa com meu amigo quase irlandês.

Chegamos, e antes de entrar no castelo demos uma paradinha rápida no banheiro. Nunca vi pessoa pra ir ao banheiro que nem o meu querido amigo.... PQP.
Tentamos entrar no castelo e a porta estava fechada, demos mais uma passeadinha, resolvemos rachar o cookie que eu tinha comprado pra japinha (segredo nunca antes revelado) e fomos dar uma olhada no cemitério.
Normalmente sou uma pessoa que não pula muros, mas esse dia estava rebelde e ao ver mais uma porta fechada decidimos que a gente ia entrar mesmo assim. O muro era baixo, mas coordenação não é o meu forte e também não sou nada atlética, muito menos de calça jeans. Sem nenhuma técnica de pulação de muro, resolvi pular mesmo assim, mas acabei pagando um cofrinho master, visto somente pelo meu amigo quase irlândes, obregada.

Consegui não me sujar e nem cair como uma pata no chão e começamos a andar pelo cemitério, que na verdade era o que restou de uma igreja. O cemitério que naturalmente estava dentro e nos arredores da construção, acabou ficando e os túmulos e lápides com os nomes meio apagados davam um ar de filme de terror.

O lugar era todo meio sinistro e como a terra é meio mágica fiquei com medo dos mortos resolverem sair pra dar um oi, ou puxarem a minha mão, ou dançarem até Thriller. Mas a galera pushing daisies tava bem sossegada e não tivemos problemas.
De todos os túmulos o que mais chamou a nossa atenção foi de um homem chamado Peter, que morreu com 109 anos e ficou casado com sua única esposa por 80, 80, sim, 80 anos. Ao lado do casal estava o túmulo de uma coitada que morreu solteirona. Outro amigo do além foi o Michael, que deveria ter sido importante já que estava enterrado dentro da igrejinha destruída. (Se eu fosse o Gabriel Garcia Marques faria um romance sobre isso falando como o Peter na verdade amou a solteirona secretamente durante todos esses anos e o Michael era um padre que se apaixonou e largou a batina).
Estávamos nos divertindo com nossos novos amigos quando ouvimos uma voz, que graças ao Senhor vinha do lado de fora do cemitério. “Como vocês entraram aí?” Ficamos meio sem graça mas assumimos nossa pulada de muro e ainda nos oferecemos para ajudar a mulher a pular o muro também.
A moça era mais pata do que eu e como não era brasileira, desistiu na primeira tentativa frustrada. Como bons brasileiros incentivamos a mulher mais uma vez, mas como boa irlandesa ela agracedeu e seguiu pela ruazinha molhada.

Thursday, January 08, 2009

E o inferno chegou ao fim…

Há dois dias meu inferno astral chegou ao fim e já não era sem tempo. Inferno astral na época da festa de final de ano da firma, do amigo secreto, do Natal annnd do Ano Novo, ninguém merece.

A bagunça começou em uma bela quinta-feira de chuva, quando recebi uma ligação no meu celular que começou assim: “Senhora, aqui é do cartão de crédito XYZ, senhora, e gostaríamos de estar lhe informando, senhora, que o seu cartão de crédito, senhora, foi clonado, senhora”.

Daí eu pensei, ou é trote ou o maldito cartão foi mesmo clonado, senhora. Enquanto ela continuava percebi que era verdade e meu belo cartãozinho tinha sido ultizado para comprar diversas coisas super úteis, em Quixeramobim.

Depois que bloqueei a p. do cartão, lembrei que sou uma pessoa super moderna, que nunca anda com mais de 20 reais na carteira e que nunca tinha sacado dinheiro direto no caixa do banco. Na sexta feira lá fui eu ao banco sacar dinheiro o suficiente para passar o final de semana.

Continuei levando minha vida com cheques e saques direto no banco até a sexta feira seguinte, uma noite chuvosa em que eu decidi que ia sair pra dançar um pouquinho.

Saí de casa como de costume, falando pros outros que já tava quase chegando. “Tô na Marginal entrando na Cidade Jardim, 5 minutos tô aí.” Estava na Águas Espraiadas, que pra mim jamais vai se chamar Jornalista Roberto Marinho, quando o farol ficou vermelho. Fiquei lá parada, pensando na morte da bezerra, quando ouço uma freada, uma derrapada e vejo duas luzes brancas crescendo no meu retrovisor. Não tinha o que fazer, daí me preparei para a colisão.

Desci do carro calmamente (sim, não sei como isso aconteceu mas milagres acontecem e mantive um estranho bom humor durante todo o acontecido), ventava, chovia e eu, de chapinha e vestido curto, não sabia se protegia a cabeleira ou segurava a saia. Segurei a saia e fui falar com o menino, que saiu do carro nervoso pedindo milhões de desculpas. “Aí moça, desculpa, moça, nunca bati o carro, moça”. Eu, ainda mais atrasada pra balada, peguei o telefone do condutor 02 e fomos fazer o B.O. no dia seguinte.

O condutor 02 já tinha começado o terceiro maço de cigarro em menos de 12 horas quando chegamos na delegacia, que não podia fazer o nosso B.O. porque estava fazendo a festa de final de ano. Ok, a puliça também tem o direito de comemorar o final do ano. Partimos então para outro lugar, que não podia fazer o maldito B.O. porque não tinha impressora. Na terceira tentativa conseguimos e cada um foi pro seu lado.

Resolvido o problema do carro, devidamente bancado pelo seguro do condutor 02, comecei aquela que seria a última semana de trabalho do ano. Combinei de trabalhar só até o dia 23, mas os céus tinham outra idéia.

Estava terminando o gigantesco relatório anual, minha alforria para o feriado, quando São Pedro resolveu não colaborar e acabou com a lãz do prédio. 13º andar, pense em descer diversos lances de escada. Como tinha esquecido de salvar o texto, 13 andares nem passaram pela minha cabeça quando o computador desligou. Soltei um PUTA QUE O PARIU, entre outros palavrões mais pesados, e rezei para a lãz voltar antes das 17 horas para que eu pudesse viajar naquele mesmo dia. Para a minha sorte, alguém tinha o santo forte, a lãz voltou e consegui terminar o trabalho a tempo.

Estava sem carro, por causa da pequena colisão, e peguei um taxi pra casa. Como choveu tudo que não tinha chovido em uma semana em três horas, o taxi demorou mais de 40 minutos pra chegar. Como de manhã estava um verão nordestino e não levei casaco, terminei o dia num frio polar, de saia e regata. Delicia!!!