Tuesday, October 14, 2008

Finalmente Berlim

O avião chegou um pouco atrasado, mas nada se comparou a lentidão com que as malas foram colocadas na esteira. Acho que até em Salvador a logística das malas na esteira é mais rápida. Era assim. Apitava, ela começava a rolar e vinha umas 3 malas. Uns 10 minutos depois, apitava de novo e mais 3 ou 4 malas apareciam.

Lentamente, mas bemmmm lentamente as pessoas foram pegando as suas malas e a minha, que era bom de aparecer logo, não vinha nem a pau. Lembrei da minha amiga que ficou três dias sem mala na Turquia e como tinha tirado um leve sarro dela, mesmo que bem de leve, fiquei com meda. Será que era uma vingança divina? Felizmente não era. Depois de longos 25 minutos lá veio ela, toda linda, toda preta com lacinho rosa, a minha mala tão amada.

De lá perguntei e peguei um busão até o metrô, de onde pegaria um trem até o hostel. No caminho liguei o meu celular e nada do bicho pegar.

Para a minha sorte aprendi a contar até 10 em alemão e falar algumas besteiras. Cheguei no metrô e ninguém falava a minha língua. Tentei grunir aquelas consoantes que formavam o nome da minha estação, mas não entenderam nada. Mostrei o mapa e falei “Fünf, onde pego a maldita linha fünf?”. Fui entendida e acabei chegando no hostel sem problemas.

Chegando lá cadê a amiga? Cadê que consegui falar com ela no celular. Foi depois de um palavrão lindo e bem alto em português que um menino se aproximou. “Brasileira?”, “Sim. Cheguei agora, não consigo falar com a minha amiga e tô morrendo de fome.”, depois disso fiz uma cara de quem estava sofrendo de verdade, afinal a última coisa que tinha comido era o maravilhoso “café da manhã” do avião. Simpático a minha dor e a minha fome, meu novo melhor amigo, foi comigo atrás de comida.

Depois de andar pra lá e pra cá acabamos em um Kebab tipicamente alemão, onde o tiozinho não falava nada de nada, nem de alemão. Lá fomos nós para a mímica de novo.
Lá pelas dez e pouco a amiga e a amiga da amiga apareceram e fomos nós e o melhor amigo, tomar umas. Pedimos uma cerveja alemã que achávamos que ia ser super diliça. O que veio foi um drink de cerveja verde, bem no estilo St. Patrick´s Day. Na segunda rodada fomos de Beck´s mesmo.

No dia seguinte, city tour e depois das fotos mais divertidas no ex-muro de Berlim a minha câmera fotográfica decidiu se rebelar e apagar TODAS AS FOTOS tiradas até aquele momento. Diliça!!!

À noite decidimos ir pra balada e o que poderia ser fácil, virou uma saga. Kenneth, meu amigo dinamarquês, resolveu fazer uma visita bem no dia fatídico. A chuva caía sem parar e a gente resolveu ir na balada mais concorrida de Berlim.

A fila era gigantesca e a lama aumentava proporcional à chuva. Quando chegamos na entrada um cara gordão, tatuado e careca, começou a falar em alemão com a amiga da amiga e com o dinamarquês, que naquela altura estava ensopado, já que deixou as meninas debaixo do guarda-chuva. A amiga da amiga pediu para ele falar em inglês e o homem disse com cara de mal “Eu é que decido quem entra aqui e vocês não se encaixam!”. Quê!!!! Como não!!! Não brinca!!!!

Pois é, não entramos e no final acabamos numa balada super eclética que tocava de eletrônico a Backstreet Boys. VIXI MARIA!!!

Na latinha de atum - Parte 1

Depois de uma semana bem bagunçada finalmente chegou o dia de embarcar. Cheguei no aeroporto muitas horas antes porque meu pai é um desesperado e o trânsito de São Paulo, nunca se sabe.

Mesmo tendo reservado uma janelinha maravilhosa, deu algum tipo e pau e acabei numa cadeira bem lá no meio. Compreensiva com a minha dor e com a minha cara de desespero de ter que passar 11 horas num lugar terrível, a moça do check-in falou que se conseguisse uma janela iria trocar o meu lugar.

Já sem muita esperança fui até o portão de embarque. Estava no lugar mais divertido do aeroporto, o Dutty Free, dando uma olhada nas "novidades", quando aquela voz do além fala o meu nome e pede que eu compareça imediatamente ao portão de embarque. “Vizi Maria, mas o que foi que eu fiz? Será que errei o horário e tá todo mundo me esperando?”.

Saí no maior pau até o portão 64479B, que nunca fica tão perto do Dutty Free quanto a gente gostaria. Cheguei lá esbaforida e já preparando uma história bem triste para contar para a aeromoça alemã. Quando cheguei no balcão, descobri que na verdade a boa alma do check-in me arrumou o que seria a melhor e mais disputada cadeira do avião. Sim, aquela poltrona bem na divisa da classe executiva com os pobres coitados, perto do banheiro, o sonho dos homens altos e gordinhos que, lá, conseguem esticar as canelas como em nenhum outro local.

O que poderia ter sido a glória, para mim não foi muito bom, já que não tinha onde encostar o maravilhoso "travesseiro" e onde a maldita televisão ficava longe demais para a minha miopia.

Além de todo o aperto inicial, meu colega, um equatoriano muito simpático por sinal, era mei gordim e impossibilitava qualquer movimentação mais elaborada, como coçar a cabeça ou passar manteiga no delicioso pão amanhecido que foi servido no jantar.

“Dormi” umas três horas e acordei com um cutucão delicado do meu colega e um agradável cheiro de pimentão. Sim, no café serviram uma coisa esquisita com molho de tomate e pimentão. Isso, às cinco horas da manhã, faz qualquer um "acordar" de mau humor.

Onze horas depois, finalmente chegamos ao aeroporto de Frankfurt. Lá fiquei mais umas boas horas passeando pelas lojinhas. Mesmo com vários Euros no bolso, consegui me conter e não comprei nenhuma tralha, só uma das garrafas de águas mais caras da vida, pelo menos foi o que eu achei.