Tuesday, January 24, 2006

Pingüins Pingüins Pingüins


Ontem assisti a Marcha dos Pingüins (La Marche de L'Empereur, 2005). Particularmente não tenho muita paciência para assistir a documentários sobre o mundo animal, mas depois de ver o trailler (viu como um bom trailler atrai um espectador) fiquei com vontade de ver.
No começo uma decepção. Alguém esqueceu que o filme se passa na Antártida, onde tudo é BRANCO, e colocou legendas brancas. Como meu francês se resume a três frases, às vezes me dava uma certa raiva de não poder entender algumas falas.
A narrativa em primeira pessoa é diferente de outros documentários do gênero. A voz feminina narra as ações da fêmea enquanto a masculina narra as do macho. Mas a graça fica por conta dos pingüins filhotes.
O que mais colabora é a empatia com os desengonçados pingüins imperadores e suas escorregadas na neve durante a marcha, além da paisagem branca e azul da Antártida.
O filme mostra os pingüins saindo do mar e seguindo para o interior, onde se “casam”, procriam, tem seus filhotes e se separam para voltar ao mar. Os predadores estão presentes, mas muito pouco.
A produção do diretor francês Luc Jacquet demorou 4 anos para ficar pronta, entre projeto e finalização. A dificuldade de filmar durante 13 meses na Antártida já era conhecida da maior parte da equipe, que acordava às 5:30 da manhã e enfrentava frio de até -50º C em uma terra mais seca do que o deserto do Sahara.
As cenas sub-aquáticas feitas a muitos graus a baixo de zero conseguem captar toda a velocidade com que os pingüins nadam e caçam.
A trilha sonora de Alex Wurman e as músicas compostas pela francesa Emilie Simon (que lembra muito a islandesa Bjork, talvez por terem o mesmo produtor) são lindas, mas o cd com a trilha ainda não pode ser encontrado no Brasil, uma pena.


Em homenagem a Liniane, colocarei o link do site oficial em inglês.
No site tem fotos, entrevistas com o diretor, o diretor de fotografia e o câmera, links e muitas outras informações sobre o filme, a Antártida e os pingüins. Vale a pena dar uma olhada.
http://wip.warnerbros.com/marchofthepenguins/

Tuesday, January 17, 2006

A mulher do café

Ontem me lembrei dela. Acho que comentava algo sobre as pessoas esquisitas que freqüentavam o Pub em que eu trabalhei em Londres. Era cada um que me aparecia.
Essa mulher estava todo dia lá e como todo freqüentador pedia sempre a mesma coisa. No caso dela não era bebida e sim café. Ela sempre pedia o número de cafés que ela tinha dinheiro pra comprar naquele dia, que variava entre dois e quatro, às vezes mais, mas nunca menos.
No meu primeiro dia lá ela apareceu e foi pra ela que servi o primeiro café. O difícil foi entender como usar a máquina, mas graças a quantidade de cafés que ela pedia, aprendi rápido.
Uma pena não ter tirado fotos, nem dela e nem das pessoas que passaram pela minha vida lá.
Hoje só consigo lembrar das roupas e quase não lembro mais de seu rosto. Ela devia ter uns 50 anos e usava sempre um casaco comprido azul claro, de um tecido sintético, e um chapéu que lembrava aqueles de turista, que escondia todo o cabelo. Levava também uma bolsa pequena uma sacola de supermercado cheia de coisas.
Ás vezes quando o movimento estava mais fraco eu me pegava observando aquela mulher estranha. Ela sentava sempre no mesmo lugar, uma mesa de dois lugares atrás de um pilar, perto da mesa de sinuca. Frequentemente era incomodada por algum cliente mais alterado que mexia nas suas coisas ou ria da cara dela por estar falando sozinha. Enquanto ficava no bar, ela lia, observava e conversava com um ser imaginário (ou com ela mesma). Ela ria, brigava, falava e chorava. Esquizofrênica talvez. Tinha um andar esquisito, uma aparência fraca, frágil, e devia fazer muito tempo que não encarava um chuveiro.
Um dia estava perto da mesa dela pegando alguns copos e resolvi perguntar o seu nome. Fazia um mês que eu estava lá e achei que seria simpático da minha parte.
Ela era meio assustada, mas quando eu disse que queria saber o seu nome ela abriu um sorriso encabulado e me respondeu: “Dio”. Me apresentei e fiquei mais uns dois ou três minutos tentando explicar como pronunciava Tatiana.
Depois desse dia Dio passou a me procurar sempre que chegava ao bar. Ela comprava de uma vez quatro cafés e eu ia controlando quantos ela tomava durante o dia. Cada café era acompanhado de sete, não oito e nem seis, mas sete sachezinhos de leite. Às vezes ela comprava mais, às vezes ela saía pra comprar algo para comer e voltava umas 2 horas depois, mas no final ela acabava ficando o dia todo lá. Da hora que abria até um pouco antes de fechar.
Um dia tinha uma promoção no supermercado e ela me trouxe um sorvete. O sorvete deve ter ficado horas e horas na bolsa dela até que eu chegasse para trabalhar e ela pudesse me entregar. Quando eu finalmente cheguei, ele estava todo derretido, mas nada que algum tempo na geladeira não resolvesse.
Segundo o meu chefe no Pub, um australiano muito engraçado, Dio era artista plástica e morava em seu estúdio não muito longe dali.
Depois da reforma, o pub virou um lugar mais “descolado”, e as pessoas que freqüentavam o antigo “Trafalgar”, já não eram mais bem vindas pela nova gerência. Assim como Dio, alguns outros migraram para Pubs nas redondezas.
O motivo para ela freqüentar tanto o mesmo bar eu não sei, e provavelmente nunca vou saber, mas com certeza ela deve continuar freqüentando algum Pub londrino, pedindo seus cafés (com sete saches de leite) e falando com seus botões.

Tuesday, January 10, 2006

São Paulo, cidade louuuca

Em São Paulo você pode esperar de tudo, mas tribo indígena no Real Parque, foi a primeira vez.

No final deste ano a Carol, se formou em jornalismo e o tema do trabalho dela foram os índios da tribo Pankararu, do interior de Pernambuco.
Quando ela me falou do tema pensei comigo, “Pernambuco é meio longe, como será que ela vai fazer?”. Foi aí que ela me disse que os Pankararu têm uma comunidade bem mais perto do que eu imaginava, na favela do Real Parque, no Morumbi. Como adoro uma roubada me ofereci pra ajudar no documentário se ela precisasse. Não demorou muito ela me ligou.
Fui lá ajudar na gravação da comemoração do dia do índio. Teve dança típica, o “Toré”, feira de artesanato e um almoço para a comunidade.
Enquanto estava lá na quadra da escola onde fizeram a festa, fiquei observando os indiozinhos fantasiados e os mais velhos se preparando para a dança. Tinha muita criança, alguns moradores curiosos e algumas pessoas que tinham alguma ligação com a ONG ou com os índios.
Além dessa minha amiga, tinha mais uma pessoa fazendo um documentário, para um trabalho de mestrado, e também a percussionista Simone Soul que chegou acompanhada do marido, que toca baixo acústico, e de mais alguns músicos. A Simone e os outros músicos estão ajudando na captação das músicas para um CD para a ONG e naquele dia foram gravar as músicas religiosas usadas pela tribo.
A dança é bem interessante e confesso que gostaria de entender um pouco mais o que eu estava vendo. Tinha crianças muito pequenas participando, com aquelas roupas de palha que cobrem a cabeça e o corpo todo. Uma pena não ter alguém do lado pra me explicar os significados daquilo tudo.
Depois da dança fui conversar um pouco com a minha amiga e com a Dora que dirige a ONG ao lado do pai dela, o “Pajé” do Real Parque. Ela diz que o mais difícil é convencer os mais jovens a manter as raízes e aprender a cultura dos Pankararu. Com as opções que eles têm, às vezes não acham tão atraente aprender as danças e o artesanato da tribo.
No final de 2005, depois de passar uma semana lá em Pernambuco na aldeia, a Carol apresentou o trabalho e hoje ela é uma jornalista formada. Eu ainda tenho mais um ano, mas pretendo me enfiar em mais roubadas como esta para conseguir conhecer mais ainda as peculiaridades desta cidade.

Um pouco da História do Pnakararus:

Os Pankararu, começaram a vir pra São Paulo no início da década de 50 em busca de melhores condições de vida. Naquela época, obras grandes estavam sendo construídas na região do Morumbi - como o estádio de futebol e o Palácio dos Bandeirantes - e os índios decidiram fixar moradia nas proximidades.
Os Pankarus, como também são chamados, ocupam uma área de 14.300 hectares às margens do São Francisco nos municípios de Tacaratu, Jatobá e Petrolândia. Mas, parte do território possui muitas rochas, o que torna a agricultura inviável. Ao todo são cinco mil pessoas, cujo trabalho se concentra na lavoura de subsistência. Na aldeia, assim como aqui em São Paulo, ninguém fala mais a língua original da tribo.
Hoje, estima-se que vivem cerca de 700 pessoas, entre descendentes dos primeiros Pankararus e índios que vieram para São Paulo depois de 1956, quando a favela se formou.
Em 2003 os índios decidiram que precisavam preservar sua cultura mesmo longe de sua terra e para isso, formaram a ONG Ação Cultural Indígena Pankararu. O principal objetivo da entidade é desenvolver trabalhos que não deixem os rituais típicos se perderem.
Até hoje pouco foi feito devido à falta de apoio, mas eles têm muitos projetos como a produção de artesanato, a filmagem de um documentário contando a história da imigração, a gravação de um CD com as musicas da tribo e oficinas que ensinam a utilizar ervas medicinais no dia a dia e a confeccionar vestimentas usadas nos rituais.

Alguns links sobre os Pankararus:
Este é o link da ONG Ação Cultural Indígena Pankararu
http://www.setor3.com.br/sitesolidario/pankararu/
Este é pra saber um pouco mais sobre a tribo
http://www.socioambiental.org/pib/epi/pankararu/pankararu.shtm

Thursday, January 05, 2006

Os 3 filhos de Colibri, desejam um Ótimo Ano Novo

25 anos de confusão

Toda vez que vai chegando o meu aniversário meus pais contam a mesma história. As vezes tem alguns detalhes novos e outras tem a opinião de parentes, mas é quase sempre assim:

Minha mãe estava numa fase meio hippie e natureba e decidiu fazer parto de cócoras.
O que eles não contavam era que eu resolvi que não ia nascer assim tão facinho. Minha mãe ficou quase o dia todo em trabalho de parto e pra facilitar a movimentação da família chovia horrores. No final acabei nascendo de cesária, no Einstein, as 23:01 (noitivaga desde o nascimento).
Pra bagunçar mais, a minha tia, que depois virou madrinha, era instrumentadora da médica que fez o parto. Ela conta que me pegou toda suja e, antes que a minha mãe pudesse me ver, saiu correndo pra me mostrar pra todo mundo. Só algum tempo depois a tia se recompôs e foi ajudar a costurarem a barriga da minha mãe (pode!!!).
Pra escolher o nome teve menos confusão, mesmo sem saber se era menino ou menina.
Eles dizem que foi em homenagem a Tatiana Tolstoi, escritora, ou a Tatiana Belinky, que entre outras coisas escrevia os roteiros do Sitio do Pica Pau Amarelo nos primórdios da televisão, mas eu acho que isso só contaram pra incrementar a história.
Apesar de não ter nascido na Rússia, de alguma forma acabei seguindo a profissão das homenageadas (pra não dizer dos meus pais), e espero ficar uma velhinha tão fofa, cheia de vida e de histórias pra contar como a minha xará Belinky (que conheci quanto estudava na FAAP).

Esse link é uma autobiografia da Tatiana Belinky.
http://www.museudatv.com.br/biografias/TATIANA.DOC

Relaxante ou modeladora

Porque raios eu escolhi a segunda opção!!!!
Ontem, em um dos meus ataques de vaidade, fui fazer uma massagem e a massagista me deu duas opções; massagem relaxante ou modeladora.
Como estou me sentindo meio gorda devido a quantidade de comida que ingeri nesta última semana, achei que a modeladora seria melhor. Big mistake!!!!!
Foi um tal de aperta aqui e ali que uma hora eu quase desisti. O negócio é tão forte que eu ia subindo na maca e de 10 em 10 minutos ela tinha que parar pra eu me arrumar. Fora que quando ela estava massageando minha coxa (só na esquerda, vai saber...) tive um ataque de riso incontrolável (tenho cócegas, vou fazer o que!).
Durante todo o tempo fiquei me perguntando porque não escolhi a relaxante, já que to meio estressada mesmo... mas não, queria tentar uma coisa nova, mais modeladora (tem horas que nem eu acredito nas coisas que eu faço).
Quase nunca faço massagem, ainda mais com fins estéticos, mas fiquei me perguntando se é sempre assim tão “violento”. A pior parte é na barriga. Ela apertou tanto meus pneuzinhos (coitadinhos) que uma hora eu quase pedi penico.
Pelo que andei pesquisando, parece que tem piores.
Pior!!!!
O que as mulheres não fazem em nome da beleza...
Achava que depilar e tirar sobrancelha com pinça era dolorido, mas nunca tinha experimentado massagem modeladora.
Não posso negar que no final da massagem me senti bem melhor e, no fundo, até acho que faz efeito. Mas será que vale o sacrifício ou é melhor continuar com as minhas aulas de Yoga esporádicas??