Thursday, April 21, 2011

Já vorto...

Mais uma vez as férias chegaram e eu, como sempre, inventei uma viagem mirabolante. Uma viagem que estava programada para o ano passado e, por uma obra do destino, ficou pra este ano.
A companheira de viagem mudou, mas minha nova cia, apesar de não gostar de museus, esta se mostrando tão divertida quanto. (Man, ainda te amo, e espero que a gente viaje muito mais vezes juntas, mas desta vez num deu, né...)
Este ano o destino é os EUA, mas ao invés da Costa Oeste, que eu recomendio muitio, vamos pro outro lado...
Té mais...

Peixe Grande

Tem dias que sinto saudades do meu avô. Hoje foi um deles.


Tava procurando um filminho e me deparei o DVD de um show do Enio Morricone, o último que ele assistiu, quietinho, antes de ser internado no hospital para não sair mais.

Meu avô não era bolinho. Era teimoso, só fazia o que ele queria, como ele queria. Não falava muito, não reclamava de dor, nunca tomava remédio e andava devagar por conta de um acidente mal cuidado. Quando ele era jovem quebrou vários os dedos dos dois pés e, com medo do pai (meu biso), calçou os sapatos, agüentou a dor e nunca tratou do problema direito. Acabou com os dedos tortos para sempre.

Como eu fui a primeira neta do lado da minha mãe e estava sempre na casa ou no sitio deles, acabei convivendo mais com ele do que com o meu outro avô (mesmo porque ele acabou falecendo quando eu tinha 8 anos).

Muitas lembranças da minha infância são de quando a gente ia tomar sorvete, quase sempre de pistache. De como ele adorava chocolate, de como ele sempre estava de calça social, camisa e sapato (até na praia), de como ele estava sempre trabalhando ou consertando alguma coisa no sítio, da paciência quando ele me ensinou a dirigir e do barulho das 87679 chaves no bolso dele quando ele andava, naquele ritmo só dele.

Quando ele começou a dar os primeiros sinais de que estava doente chegava a ser engraçado. Ele sempre tinha uma história mirabolante pra contar e quase sempre era algo que tinha acontecido com ele ou por causa dele.

No seu último aniversário ele já estava mais calado do que nunca. Como ele estava numa fase chapéu, dei um boné escrito “Vô”. Mesmo não falando muito, sei que ele adorou, já que sempre que estava sem ele, queria saber onde estava o “boné do vô”.

Segundo a minha mãe, a última vez que ela ouviu o meu avô dar risada foi quando eles lembraram de como eu, super barbeira, derrubei um murinho porque não consegui apertar o freio do carro a tempo.

Como ele não ficou na UTI, como a minha avó, consegui ir visitá-lo mais vezes no hospital. Uma dessas vezes fiquei umas 2 horas com ele no quarto conversando... quer dizer eu falando e ele lá, como se estivesse ouvindo. A última coisa que falei para o meu avô foi “Vô, quando você melhorar vou trazer um chocolate dos bons pra você, beleza?” Espero que do lado de lá ele esteja comendo um monte deles...