Tuesday, December 09, 2008

Sol, chuva, frio, vento, Guinness e Leprechaun


Dublin é uma cidade engraçada, com gente muito engraçada. Não tinha a exata noção do que isso significava até colocar meus pézinhos 36 lá. Até esse dia só ouvia as histórias de um amigo que foi morar pra lá com a sua japinha, amigo esse que me recebeu por alguns dias em seu enorme cafofo.
No caminho do aeroporto até a casa deles tive meu primeiro contato com um Leprechaun, que à primeira vista que achei ser uma velhinha. (Segundo meu host friend preferido eles costumam se disfarçar de velhinhos)
Eu estava sentada com minha mala e minhas sacolas (nos vôos baratinhos a mala pode pesar até 10 quilos, mas não há limite de sacolas) quando entra uma velhinha com o guarda-chuva aberto, sim ela entrou em um ônibus semi lotado com o guarda-chuva aberto. A velhinha não conseguia fechar o guarda-chuva e eu, sensibilizada com a dor dela, me ofereci pra ajudar. Quando devolvi o guarda-chuva fechado e devidamente enrolado, recebi um sorriso simpático de volta.
Estava voltando ao meu mundinho quando ouço uma série de barulhos. Eram uns 10 pacotinhos de bala que a véinha deixou cair no chão do busão. Com cara de criança que fez traquinagem ela tentava, sem nenhum sucesso, pegar as balas do chão. O busão continuou andando o que dificultou ainda mais o processo. Como ninguém ajudou me senti na obrigação de fazer alguma coisa e quando levantei quase deixei as minhas sacolas rolarem pelo busão. Ajudei a pegar as balas e quando devolvi recebi um sorriso e um fofíssimo “Thank you love”, com sotaque irlandês.
Cheguei bem na hora do almoço e pra minha surpresa fui recebida com uma gororoba bem boa preparada pelo meu host friend preferido na Europa e sua japinha.
Presentes entregues, comida na barriga, com direito a sorvete de sobremesa, fomos dar uma passeio tipicamente irlandês, na chuva mesmo. Porque não?
Em Dublin é assim, chove, faz frio, faz calor, chove, venta, faz sol, faz frio, faz calor. Então você tem que encarar o tempo do jeito que estiver, com casaco, sem casco, com guarda-chuva e sem guarda-chuva.
Como eles tinham aula de manhã, fazia meus passeios tipicamente dublinescos + compras pela manhã e encarava as aventuras que eles propunham de tarde. Teve hospital (sim, uma longa história), praia, fábrica da Guiness, aulas de italiano de madrugada, countryside, castelo, balança, cemitério, mais um pouco de praia e aulas de violino, fora as ótimas conversas no trem sobre assuntos diversos, inclusive novela.

Ê saudades...


Ok, não era a primeira opção. Apesar de amar a cidade de paixão, desta vez queria visitar algum lugar diferente. Eram só 15 dias. Relutei, mas acabei indo e acabei chorando na hora de ir embora.

Voltar para Londres foi bom, mas me deu uma saudade...

Chegamos no mesmo aeroporto onde, anos antes, tinha passado a madrugada esperando um vôo para a Suécia. Aquele esquema que na época tinha me parecido tão estranho, agora era muito familiar.

Voltar a andar nas mesmas ruas, passar pelas mesmas lojas, passar em frente do apartamento em que morei durante poucos meses e talvez ver uma ou outra pessoa conhecida foi diferente.

A situação era outra, a companhia era outra e a casa era outra, mas parecia que tudo tinha ficado lá, do mesmo jeito que eu deixei há 5 anos.

Assim como da outra vez, aproveitei os jornais abandonados nos vagões do trem logo de manhã e me atualizei...

... e a praga foi pra Praga

Em viagem low budget é assim mesmo, a decisão é quase sempre depois de muita pesquisa e discussão sobre o custo/benefício da coisa. Depois de checar inúmeras vezes as passagens de avião decidimos que a viagem de Berlim pra Praga seria de trem e, no final, a viagem não poderia ter sido melhor.

Mesmo demorando 5 horas de um lugar para o outro, levamos pouquissímo tempo do hostel até a estação de trem. Como o trem estava vazio, ficamos em uma cabine para seis só nós duas e conseguimos tirar uma soneca boa durante umas boas horas de viagem. Comemos nosso famoso sanduba de salamen, sobremesas cheias de manteiga até que finalmente descemos numa estação de trem horrível, toda pichada e cheia de gente esquisita.

Entender tcheco, escrito and falado, é um desafio à parte. Nossa sorte foi que o guia da cidade nos ajudou a entender aquele monte de consoante.

Chegamos no hostel mais fácil do que esperávamos, já que para a o nossa sorte o tram era super moderno e aparecia escrito o nome de todas as estações numa telinha.

No hostel percebemos uma equação ótima: viagem low budget + hostel com cozinha = gororobas mil e até um milagre da multiplicação de ovos no café da manhã, tudo isso graças às habilidades culinárias da minha incrível companheira de viagem.

No segundo dia resolvemos fazer uma maratona morro acima para conhecer o Castelo de Praga. O calor tava grande e com o nosso preparo físico de atleta, chegamos lá em cima esbaforidas. Tão esbaforidas que ainda demoramos uns 5 minutos para conseguir apreciar a vista. Paramos num café e conseguimos comprar a garrafinha de água mais cara da Europa, foram 90 coroas, o que dá mais ou menos... hum.... deixa eu lembrar... muitos euros, mais do que o permitido pela Associação dos Produtores de Água Mineral do mundo.

Tuesday, October 14, 2008

Finalmente Berlim

O avião chegou um pouco atrasado, mas nada se comparou a lentidão com que as malas foram colocadas na esteira. Acho que até em Salvador a logística das malas na esteira é mais rápida. Era assim. Apitava, ela começava a rolar e vinha umas 3 malas. Uns 10 minutos depois, apitava de novo e mais 3 ou 4 malas apareciam.

Lentamente, mas bemmmm lentamente as pessoas foram pegando as suas malas e a minha, que era bom de aparecer logo, não vinha nem a pau. Lembrei da minha amiga que ficou três dias sem mala na Turquia e como tinha tirado um leve sarro dela, mesmo que bem de leve, fiquei com meda. Será que era uma vingança divina? Felizmente não era. Depois de longos 25 minutos lá veio ela, toda linda, toda preta com lacinho rosa, a minha mala tão amada.

De lá perguntei e peguei um busão até o metrô, de onde pegaria um trem até o hostel. No caminho liguei o meu celular e nada do bicho pegar.

Para a minha sorte aprendi a contar até 10 em alemão e falar algumas besteiras. Cheguei no metrô e ninguém falava a minha língua. Tentei grunir aquelas consoantes que formavam o nome da minha estação, mas não entenderam nada. Mostrei o mapa e falei “Fünf, onde pego a maldita linha fünf?”. Fui entendida e acabei chegando no hostel sem problemas.

Chegando lá cadê a amiga? Cadê que consegui falar com ela no celular. Foi depois de um palavrão lindo e bem alto em português que um menino se aproximou. “Brasileira?”, “Sim. Cheguei agora, não consigo falar com a minha amiga e tô morrendo de fome.”, depois disso fiz uma cara de quem estava sofrendo de verdade, afinal a última coisa que tinha comido era o maravilhoso “café da manhã” do avião. Simpático a minha dor e a minha fome, meu novo melhor amigo, foi comigo atrás de comida.

Depois de andar pra lá e pra cá acabamos em um Kebab tipicamente alemão, onde o tiozinho não falava nada de nada, nem de alemão. Lá fomos nós para a mímica de novo.
Lá pelas dez e pouco a amiga e a amiga da amiga apareceram e fomos nós e o melhor amigo, tomar umas. Pedimos uma cerveja alemã que achávamos que ia ser super diliça. O que veio foi um drink de cerveja verde, bem no estilo St. Patrick´s Day. Na segunda rodada fomos de Beck´s mesmo.

No dia seguinte, city tour e depois das fotos mais divertidas no ex-muro de Berlim a minha câmera fotográfica decidiu se rebelar e apagar TODAS AS FOTOS tiradas até aquele momento. Diliça!!!

À noite decidimos ir pra balada e o que poderia ser fácil, virou uma saga. Kenneth, meu amigo dinamarquês, resolveu fazer uma visita bem no dia fatídico. A chuva caía sem parar e a gente resolveu ir na balada mais concorrida de Berlim.

A fila era gigantesca e a lama aumentava proporcional à chuva. Quando chegamos na entrada um cara gordão, tatuado e careca, começou a falar em alemão com a amiga da amiga e com o dinamarquês, que naquela altura estava ensopado, já que deixou as meninas debaixo do guarda-chuva. A amiga da amiga pediu para ele falar em inglês e o homem disse com cara de mal “Eu é que decido quem entra aqui e vocês não se encaixam!”. Quê!!!! Como não!!! Não brinca!!!!

Pois é, não entramos e no final acabamos numa balada super eclética que tocava de eletrônico a Backstreet Boys. VIXI MARIA!!!

Na latinha de atum - Parte 1

Depois de uma semana bem bagunçada finalmente chegou o dia de embarcar. Cheguei no aeroporto muitas horas antes porque meu pai é um desesperado e o trânsito de São Paulo, nunca se sabe.

Mesmo tendo reservado uma janelinha maravilhosa, deu algum tipo e pau e acabei numa cadeira bem lá no meio. Compreensiva com a minha dor e com a minha cara de desespero de ter que passar 11 horas num lugar terrível, a moça do check-in falou que se conseguisse uma janela iria trocar o meu lugar.

Já sem muita esperança fui até o portão de embarque. Estava no lugar mais divertido do aeroporto, o Dutty Free, dando uma olhada nas "novidades", quando aquela voz do além fala o meu nome e pede que eu compareça imediatamente ao portão de embarque. “Vizi Maria, mas o que foi que eu fiz? Será que errei o horário e tá todo mundo me esperando?”.

Saí no maior pau até o portão 64479B, que nunca fica tão perto do Dutty Free quanto a gente gostaria. Cheguei lá esbaforida e já preparando uma história bem triste para contar para a aeromoça alemã. Quando cheguei no balcão, descobri que na verdade a boa alma do check-in me arrumou o que seria a melhor e mais disputada cadeira do avião. Sim, aquela poltrona bem na divisa da classe executiva com os pobres coitados, perto do banheiro, o sonho dos homens altos e gordinhos que, lá, conseguem esticar as canelas como em nenhum outro local.

O que poderia ter sido a glória, para mim não foi muito bom, já que não tinha onde encostar o maravilhoso "travesseiro" e onde a maldita televisão ficava longe demais para a minha miopia.

Além de todo o aperto inicial, meu colega, um equatoriano muito simpático por sinal, era mei gordim e impossibilitava qualquer movimentação mais elaborada, como coçar a cabeça ou passar manteiga no delicioso pão amanhecido que foi servido no jantar.

“Dormi” umas três horas e acordei com um cutucão delicado do meu colega e um agradável cheiro de pimentão. Sim, no café serviram uma coisa esquisita com molho de tomate e pimentão. Isso, às cinco horas da manhã, faz qualquer um "acordar" de mau humor.

Onze horas depois, finalmente chegamos ao aeroporto de Frankfurt. Lá fiquei mais umas boas horas passeando pelas lojinhas. Mesmo com vários Euros no bolso, consegui me conter e não comprei nenhuma tralha, só uma das garrafas de águas mais caras da vida, pelo menos foi o que eu achei.

Wednesday, September 03, 2008

Férias Maravilhosas ou Maratona Europa 2008

Finalmente elas vieram. Consegui juntar um dinheiro e, a partir de amanhã, vou passear por aí. Serão pouco mais de 15 dias correndo de um lado para o outro e conhecendo os mais diferentes aeroportos europeus.

A definição do roteiro foi bagunçada, o céu era o limite. Com passagens baratinhas, quartos com mais de 10 pessoas nos albergues do mundo e visitas à alguns amigos no caminho, as coisas foram ficando mais baratas e as possibilidades de destino foram aumentando.

Ia sozinha e na última hora arrumei uma grande parceira de viagens. Não a minha amiga irmã caminhoneira e companheira de roubadas habitual, mas uma outra tão amada quanto.

Definido o roteiro, passamos para as compras de passagem, reservas em albergues e e-mails pedindo por um colchonete amigo.

É impressionante o número de albergues que tem em cada cidade. Ficamos horas e horas para decidir qual era o mais bem localizado e o melhor custo-beneficio de cada lugar. Graças a dois sites, que tinham uma espécie de ranking feito por quem já esteve lá, decidimos onde ficar nas primeiras paradas, Berlim e Praga.

Depois de tudo comprado, fui dar uma pesquisada, ver os pontos turísticos que não podemos perder e os programas que devemos fazer. Fui buscar umas informações nos arquivos da familia e tava tudo lá. Mapas, folhetos, guias, papéizinhos em geral (uma tradição que passa por todas as gerações da famila Vitta). Além disso, tiveram as dicas de amigos e familiares, cada um com as suas prioridades, cada um com o seu gosto.

Alguns dias antes, a pior parte, fazer a mala. Não tenho o dom de fazer a mala perfeita, aquela com poucos itens, onde tudo combina, tudo é usado e tem opções para todas as ocasiões que possam pintar durante a viagem.

Poderia levar uma mala gigante com muitas opções, mas duas coisas importantes me impedem. Primeiro é que as passagens baratinhas (algumas que custaram 10 euros) só me dão direito de viajar com 15 quilos de bagagem. O outro porém é que somos duas moças e ninguém vai querer arrastar nossas malas pela europa.

Há menos de 24 horas da viagem, a mala está quase pronta. Aquele sentimento de que esqueci alguma coisa muito importante e de que o que estou levando não vai dar, não sai da cabeça. A necessaire tem só o necessário, MESMO, um biquini para situações inesperadas (nunca se sabe o que pode acontecer) e poucas opções de sapato. Se tiver uma festa ou uma balada mais emocionante vou ter que improvisar.

Ah!! A cachaça dos amigos que moram longe está na mala, devidamente enrolada em 10 metros de papel bolha.

Até.

Friday, May 30, 2008

Para abrir a torneira

Sim, mais um mês se passou e mais uma vez estou de TPM, o que pra mim significa uma fase sensível com muita choradeira. Em homenagem a esta fase tão agradável do mês, fiz um top 5 dos filmes para chorar. Prepare seu lencinho.

5 – Drácula de Bram Stocker (1992)
http://www.imdb.com/title/tt0103874/

Tá bom, o Conde Drácula não é das pessoas mais boazinhas, aliás nem um pouco. Durante o filme ele suga o sangue de uma meia dúzia, mata mais alguns outros e oferece uma criancinha lindinha e inocente para as "noivas" dele, entre elas a Mônica Belucci em início de carreira. Apesar de tudo ele era uma pessoa que amava e no final... Bem, no final é uma choradeira nível 1.

4 – Dumbo (1941)
http://www.imdb.com/title/tt0033563/

Que pai do Bambi o quê. Triste mesmo é a pobre da mãe do Dumbo, que vai defender seu filho orelhudinho e acaba presa. Não é qualquer um que resiste a ela cantando música de ninar para o pequeno orelhudo que sabia voar.

3 – P.S. Eu te Amo (2007 )
http://www.imdb.com/title/tt0431308/

O filme começa com o mocinho, e que mocinho, morrendo. A mocinha fica quase o tempo todo pensando no mocinho falecido, lembrando como era feliz. Vai dizer se não é um filme para se descabelar de tanto chorar.

2 – Poderoso Chefão 3 (1990)
http://www.imdb.com/title/tt0099674/

Não sei se é porque as quase 10 horas que mostram a saga da familia Corleone finalmente chegam ao fim, mas esse último é uma choradeira só. As primeiras lágrimas vem com um tiro, uma escadaria e Al Pacino e terminam num clipe com cenas dos três filmes e, é claro, Al Pacino.

1 – Cinema Paradiso (1988)
http://www.imdb.com/title/tt0095765/

Uma cidadezinha italiana, um menino, um velho projecionista e o cinema. Junte a isso a trilha musical inspirada do italiano Enio Morricone. Choradeira na certa.

Saturday, May 24, 2008

Monjolinho

Quando eu estava no primário era uma das únicas crianças da minha sala que sabia o que era um monjolo, ou um monjolinho.
Não que eu fosse uma criança prodígio, mas esse era o nome do sítio dos meus avós maternos.
Foi lá que passei toda a minha infância e um pouco da adolescência, bem pouco, porque fui uma adolescente chatinha que preferia passar as férias em São Paulo numa programação cultural de “adultos”.
Foi lá também que minha mãe passou a infância, a adolescência, casou e pretendia passa a velhice, mas não deu.
Meus pais casaram no sítio durante a grande greve dos jornalistas, em 1979. Por causa da greve ninguém estava de plantão e todos os convidados apareceram na festa, que durou o dia todo e o seguinte.
O sítio tinha duas piscinas e um campo de futebol enorme, bem propício para as grandes comemorações. E comemorações não faltavam. Tinha sempre um churrasco ou um aniversário. Por isso, é provável que 90% dos jornalistas que trabalharam nas redações paulistas nos anos 80 tenham ido alguma vez ao Monjolinho. Não só os jornalistas, mas os músicos amigos do “Clube do Choro” e os cinéfilos do “Cineclube do Bexiga”.
As nossas férias, minhas, dos meus dois irmãos e um pouco mais tarde da minha prima Vicky, eram sempre lá. Os netos ficavam com a vó Joana no mês de janeiro, um pouco de fevereiro e julho. Meu avô e meus pais vinham na sexta a noite.
Era nesta época do ano que a gente fazia um monte de bagunça, deixava a vó louca porque não queria sair da piscina ou queria voltar pra piscina logo depois do almoço. “Vocês vão ter uma congestão”, gritava a vó da janela da cozinha.
Outras frases da vó eram: “Brincadeira de mão é de vilão”, quando estávamos nos batendo por qualquer motivo, “Vamos acordar porque o dia está lindo e a piscina está limpinha”, quando, na maior parte das vezes, eu queria ficar dormindo até mais tarde e “Mocinha não pode ficar com as pernas roxas”, pra mim, um pouco antes de sugerir que fizéssemos um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro, meu favorito, ou que eu olhasse como ela fazia feijão, para eu aprender.
Não preciso dizer que nunca aprendi a fazer feijão direito, o bolo sim, mas esse não faço por causa de minha mania de regime.
Tenho muitas outras lembranças da época que passávamos as férias no sítio. Como era a mais velha, sempre queria organizar a brincadeira. Fazíamos traquinagens, andávamos de bicicleta, íamos passear no pasto, fazíamos peças de teatro, jornais impressos e jornais gravados, sempre muito engraçados, por causa das brigas que acabavam acontecendo.
Na época do carnaval tínhamos outras tarefas, pelo menos eu tinha. Como minha avó sempre saía na escola de samba da cidade, vestida de baiana, começou a arrastar as netas e os netos para sair junto.
A vó costurava bem e acabava ajudando a fazer algumas fantasias da ala. Não preciso dizer que às vezes sobrava para a neta mais velha, mas eu acabava bordando só o meu maiô, o que durava mais ou menos até o carnaval, hehehehe. Eram sacos e sacos de lantejoula, um rolo de fio de naylon, uma agulha e um travesseiro para esticar o maiô.
Com quase 18 tive minhas primeiras aulas de direção no campo de futebol do sítio. Minha mãe não agüentava, ficava nervosa e não tirava a mão de perto do freio de mão, por isso a tarefa de me ensinar a dirigir foi do vô. Ele era bem mais tranqüilo, talvez por não saber o perigo que corria, até o dia que derrubei um muro, meu segredo mais secreto até hoje.
Quando fiquei mais velha um pouco comecei a ir bem menos para os sítio. Já não via mais graça em ficar lá e preferia ir pra balada com as amigas aqui em São Paulo.
Mesmo não indo muito, o sítio do Monjolinho me trazia, e ainda me traz, muitas lembranças boas e quando soube que meu avô ia vender não posso negar que fiquei triste. Não tanto quanto a minha avó, minha mãe e minha tia, que tem mais de 40 anos de lembranças de lá.
No dia das mães fomos para Porto Feliz, perto de onde ficava o sítio. Eu estava indo pela primeira vez em mais ou menos 6 anos. Não posso negar que a cidade cresceu e mudou, mas muita coisa continua no mesmíssimo lugar. Algumas lojas, algumas casas, a padaria perto da praça da matriz, a sorveteria que íamos tomar sorvete de pistache e o supermercado, que apesar de ter mudado de nome continua bem parecido.

Acabei não contando o que é um monjolinho. Para quem não sabe o que é vai a definição do tio do Chico.

Monjolo:
■ substantivo masculino
- Regionalismo: Brasil. engenho rudimentar, acionado à água, us. para pilar milho e descascar café Etimologiavoc. quimb., prov. da designação do povo; a datação é para a acp. 'engenho rudimentar'

Monday, May 12, 2008

Eu, atleta

- Ano passado quando corri a Nike 10...
- Hein? Você o quê?

Ele não foi o único que não conseguiu disfarçar o riso quando me ouviu falando da fase “atleta” que tive no ano passado. Na verdade não foi uma fase, foi mais um surto.

Quem me conhece um pouco sabe que sou uma negação em qualquer tipo de esporte coletivo e também não me dou muito bem nos esportes “cada um por si”. Coordenação realmente não é o meu forte, mas para correr não era preciso ter grande aptidão para os esportes, então resolvi tentar.

Tudo começou com uma campanha de incentivo da empresa. Formamos uma equipe meio bagunçada e decidimos a primeira prova, o Circuito das Estações – Inverno. Como não tinha muito tempo pra treinar resolvi ir só pra ver como era, e fui andando.

Domingo as 7:30 da manhã (não sei porque é sempre domingo de manhã), lá estava eu no Estádio do Pacaembu, fingindo que era atleta.

Conversei com um dos amigos da equipe, que me deu uns toques de como era a prova e como colocar o chip no tênis (para contar em quanto tempo cada participante completou a prova, é preciso colocar um chip amarrado no cadarço do tênis).

Também recebi o melhor conselho de todos, “Você tem que pensar que nunca vai chegar em primeiro, mas também nunca vai chegar em último. Sempre tem alguém pior do que você”.

Comecei a prova fingindo que corria. Logo no primeiro quilômetro fui ultrapassada por uma mulher com um carrinho de bebê. Foi triste, mas eu continuei.

Já estava feliz no 3º ou 4º quilômetro quando fui ultrapassada por duas senhoras de uns 50 e poucos anos. Essa doeu, mas eu segui firme e forte até o quilômetro 6º ou 7º, onde o pior aconteceu.

Estava tranqüila ouvindo meu iPobre quando sinto a presença de um cachorro. Um labrador lindo, creme, super atleta. Logo atrás do labrador, vinha um homem de óculos escuros, alto, moreno, super atleta. Notei alguma coisa errada e logo me toquei. “Nãoooo, fui ultrapassada até pelo ceguinho!!!!”.

Terminei a prova e estava indo embora quando ouvi, “Nossa você era a última pessoa que pensei em encontrar aqui”.

Ok, isso não foi nada bom para a minha auto-estima de atleta recém descoberta. Mesmo assim não desisti da minha carreira.

A segunda corrida foi um revezamento. Bem mais legal. Trabalho em equipe. Todo mundo se ajudando na logística de quem vai a que horas, quem ta chegando e quem ta saindo.

Eu, a única mulher da equipe, fiquei de fazer o último trecho, que apesar de ser o mais curto é o mais importante. Não preciso dizer que afundei o time...

Era quase meio dia quando o meu companheiro de equipe chegou todo esbaforido e me deu o chip, que marcava o início e o final de cada percurso. Eu e meu iPobre saímos pela 23 de Maio num sol de rachar o coco. Eu só pensava em água e quanto mais o sol rachava mais eu diminuía o ritmo.

Chegando na entrada do parque do Ibirapuera, a linha de chegada, tentei correr um pouco mais, mas num deu. Foi nessa hora que fui ultrapassada por um dos membros da “Equipe da 3ª idade de num sei onde”.

Mesmo assim não desisti da minha carreira de atleta, apertei o passo, completei a prova, mas não passei o velhinho, que seguiu correndo, num ritmo constante, até cruzar a linha de chegada.

A terceira corrida foram outros 10 quilômetros, a Nike 10. Não tinha desistido e até treinei um pouco, mas o que me matou foi uma festa de grátis, Open Bar, no sábado antes da corrida.

De ressaca, as 6:30 da manhã, lá estava eu. Uma chuva, um tempo horrível. Pensei em desistir, mas não deixaram.

Nos dois primeiros quilômetros quase morremos, eu e meu companheiro da cachaça no dia anterior. Se fosse Nike 2, teríamos feito em um tempo recorde, mas infelizmente o percurso era 5 vezes maior.

Sem desistir, porque o 47765 e o 47754 nunca desistem, completamos a prova em uma hora e muitos, mas muitos, minutos.

Depois dessa corrida vieram as festas, as férias e fui relaxando. A equipe se separou e, assim, acabei minha longa e promissora carreira de corredora.

Tuesday, January 22, 2008

Dez coisas que aprendi na São Paulo Fashion Week e que estão suuuuperrrr IN:

1- Coisas no pescoço (lenços, cachecóis e afins).
2- Meninos com cabelo curto e franja compridinha (pra quem tem cabelo liso pelamordedeus!!!).
3- Misturar cores fortes (amarelo ovo, rosa chiclete ??, vermelho e roxo) com preto.
4- Chapéu, boné a afins.
5- Roxo.
6- Short e vestido curto no inverno.
7- Sapatos coloridos.
8- Delineador no olho à la Amy Winehouse
9- Cintura suuuperrr alta (Eca!!)
10- Preto, sempre IN.