Friday, May 30, 2008

Para abrir a torneira

Sim, mais um mês se passou e mais uma vez estou de TPM, o que pra mim significa uma fase sensível com muita choradeira. Em homenagem a esta fase tão agradável do mês, fiz um top 5 dos filmes para chorar. Prepare seu lencinho.

5 – Drácula de Bram Stocker (1992)
http://www.imdb.com/title/tt0103874/

Tá bom, o Conde Drácula não é das pessoas mais boazinhas, aliás nem um pouco. Durante o filme ele suga o sangue de uma meia dúzia, mata mais alguns outros e oferece uma criancinha lindinha e inocente para as "noivas" dele, entre elas a Mônica Belucci em início de carreira. Apesar de tudo ele era uma pessoa que amava e no final... Bem, no final é uma choradeira nível 1.

4 – Dumbo (1941)
http://www.imdb.com/title/tt0033563/

Que pai do Bambi o quê. Triste mesmo é a pobre da mãe do Dumbo, que vai defender seu filho orelhudinho e acaba presa. Não é qualquer um que resiste a ela cantando música de ninar para o pequeno orelhudo que sabia voar.

3 – P.S. Eu te Amo (2007 )
http://www.imdb.com/title/tt0431308/

O filme começa com o mocinho, e que mocinho, morrendo. A mocinha fica quase o tempo todo pensando no mocinho falecido, lembrando como era feliz. Vai dizer se não é um filme para se descabelar de tanto chorar.

2 – Poderoso Chefão 3 (1990)
http://www.imdb.com/title/tt0099674/

Não sei se é porque as quase 10 horas que mostram a saga da familia Corleone finalmente chegam ao fim, mas esse último é uma choradeira só. As primeiras lágrimas vem com um tiro, uma escadaria e Al Pacino e terminam num clipe com cenas dos três filmes e, é claro, Al Pacino.

1 – Cinema Paradiso (1988)
http://www.imdb.com/title/tt0095765/

Uma cidadezinha italiana, um menino, um velho projecionista e o cinema. Junte a isso a trilha musical inspirada do italiano Enio Morricone. Choradeira na certa.

Saturday, May 24, 2008

Monjolinho

Quando eu estava no primário era uma das únicas crianças da minha sala que sabia o que era um monjolo, ou um monjolinho.
Não que eu fosse uma criança prodígio, mas esse era o nome do sítio dos meus avós maternos.
Foi lá que passei toda a minha infância e um pouco da adolescência, bem pouco, porque fui uma adolescente chatinha que preferia passar as férias em São Paulo numa programação cultural de “adultos”.
Foi lá também que minha mãe passou a infância, a adolescência, casou e pretendia passa a velhice, mas não deu.
Meus pais casaram no sítio durante a grande greve dos jornalistas, em 1979. Por causa da greve ninguém estava de plantão e todos os convidados apareceram na festa, que durou o dia todo e o seguinte.
O sítio tinha duas piscinas e um campo de futebol enorme, bem propício para as grandes comemorações. E comemorações não faltavam. Tinha sempre um churrasco ou um aniversário. Por isso, é provável que 90% dos jornalistas que trabalharam nas redações paulistas nos anos 80 tenham ido alguma vez ao Monjolinho. Não só os jornalistas, mas os músicos amigos do “Clube do Choro” e os cinéfilos do “Cineclube do Bexiga”.
As nossas férias, minhas, dos meus dois irmãos e um pouco mais tarde da minha prima Vicky, eram sempre lá. Os netos ficavam com a vó Joana no mês de janeiro, um pouco de fevereiro e julho. Meu avô e meus pais vinham na sexta a noite.
Era nesta época do ano que a gente fazia um monte de bagunça, deixava a vó louca porque não queria sair da piscina ou queria voltar pra piscina logo depois do almoço. “Vocês vão ter uma congestão”, gritava a vó da janela da cozinha.
Outras frases da vó eram: “Brincadeira de mão é de vilão”, quando estávamos nos batendo por qualquer motivo, “Vamos acordar porque o dia está lindo e a piscina está limpinha”, quando, na maior parte das vezes, eu queria ficar dormindo até mais tarde e “Mocinha não pode ficar com as pernas roxas”, pra mim, um pouco antes de sugerir que fizéssemos um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro, meu favorito, ou que eu olhasse como ela fazia feijão, para eu aprender.
Não preciso dizer que nunca aprendi a fazer feijão direito, o bolo sim, mas esse não faço por causa de minha mania de regime.
Tenho muitas outras lembranças da época que passávamos as férias no sítio. Como era a mais velha, sempre queria organizar a brincadeira. Fazíamos traquinagens, andávamos de bicicleta, íamos passear no pasto, fazíamos peças de teatro, jornais impressos e jornais gravados, sempre muito engraçados, por causa das brigas que acabavam acontecendo.
Na época do carnaval tínhamos outras tarefas, pelo menos eu tinha. Como minha avó sempre saía na escola de samba da cidade, vestida de baiana, começou a arrastar as netas e os netos para sair junto.
A vó costurava bem e acabava ajudando a fazer algumas fantasias da ala. Não preciso dizer que às vezes sobrava para a neta mais velha, mas eu acabava bordando só o meu maiô, o que durava mais ou menos até o carnaval, hehehehe. Eram sacos e sacos de lantejoula, um rolo de fio de naylon, uma agulha e um travesseiro para esticar o maiô.
Com quase 18 tive minhas primeiras aulas de direção no campo de futebol do sítio. Minha mãe não agüentava, ficava nervosa e não tirava a mão de perto do freio de mão, por isso a tarefa de me ensinar a dirigir foi do vô. Ele era bem mais tranqüilo, talvez por não saber o perigo que corria, até o dia que derrubei um muro, meu segredo mais secreto até hoje.
Quando fiquei mais velha um pouco comecei a ir bem menos para os sítio. Já não via mais graça em ficar lá e preferia ir pra balada com as amigas aqui em São Paulo.
Mesmo não indo muito, o sítio do Monjolinho me trazia, e ainda me traz, muitas lembranças boas e quando soube que meu avô ia vender não posso negar que fiquei triste. Não tanto quanto a minha avó, minha mãe e minha tia, que tem mais de 40 anos de lembranças de lá.
No dia das mães fomos para Porto Feliz, perto de onde ficava o sítio. Eu estava indo pela primeira vez em mais ou menos 6 anos. Não posso negar que a cidade cresceu e mudou, mas muita coisa continua no mesmíssimo lugar. Algumas lojas, algumas casas, a padaria perto da praça da matriz, a sorveteria que íamos tomar sorvete de pistache e o supermercado, que apesar de ter mudado de nome continua bem parecido.

Acabei não contando o que é um monjolinho. Para quem não sabe o que é vai a definição do tio do Chico.

Monjolo:
■ substantivo masculino
- Regionalismo: Brasil. engenho rudimentar, acionado à água, us. para pilar milho e descascar café Etimologiavoc. quimb., prov. da designação do povo; a datação é para a acp. 'engenho rudimentar'

Monday, May 12, 2008

Eu, atleta

- Ano passado quando corri a Nike 10...
- Hein? Você o quê?

Ele não foi o único que não conseguiu disfarçar o riso quando me ouviu falando da fase “atleta” que tive no ano passado. Na verdade não foi uma fase, foi mais um surto.

Quem me conhece um pouco sabe que sou uma negação em qualquer tipo de esporte coletivo e também não me dou muito bem nos esportes “cada um por si”. Coordenação realmente não é o meu forte, mas para correr não era preciso ter grande aptidão para os esportes, então resolvi tentar.

Tudo começou com uma campanha de incentivo da empresa. Formamos uma equipe meio bagunçada e decidimos a primeira prova, o Circuito das Estações – Inverno. Como não tinha muito tempo pra treinar resolvi ir só pra ver como era, e fui andando.

Domingo as 7:30 da manhã (não sei porque é sempre domingo de manhã), lá estava eu no Estádio do Pacaembu, fingindo que era atleta.

Conversei com um dos amigos da equipe, que me deu uns toques de como era a prova e como colocar o chip no tênis (para contar em quanto tempo cada participante completou a prova, é preciso colocar um chip amarrado no cadarço do tênis).

Também recebi o melhor conselho de todos, “Você tem que pensar que nunca vai chegar em primeiro, mas também nunca vai chegar em último. Sempre tem alguém pior do que você”.

Comecei a prova fingindo que corria. Logo no primeiro quilômetro fui ultrapassada por uma mulher com um carrinho de bebê. Foi triste, mas eu continuei.

Já estava feliz no 3º ou 4º quilômetro quando fui ultrapassada por duas senhoras de uns 50 e poucos anos. Essa doeu, mas eu segui firme e forte até o quilômetro 6º ou 7º, onde o pior aconteceu.

Estava tranqüila ouvindo meu iPobre quando sinto a presença de um cachorro. Um labrador lindo, creme, super atleta. Logo atrás do labrador, vinha um homem de óculos escuros, alto, moreno, super atleta. Notei alguma coisa errada e logo me toquei. “Nãoooo, fui ultrapassada até pelo ceguinho!!!!”.

Terminei a prova e estava indo embora quando ouvi, “Nossa você era a última pessoa que pensei em encontrar aqui”.

Ok, isso não foi nada bom para a minha auto-estima de atleta recém descoberta. Mesmo assim não desisti da minha carreira.

A segunda corrida foi um revezamento. Bem mais legal. Trabalho em equipe. Todo mundo se ajudando na logística de quem vai a que horas, quem ta chegando e quem ta saindo.

Eu, a única mulher da equipe, fiquei de fazer o último trecho, que apesar de ser o mais curto é o mais importante. Não preciso dizer que afundei o time...

Era quase meio dia quando o meu companheiro de equipe chegou todo esbaforido e me deu o chip, que marcava o início e o final de cada percurso. Eu e meu iPobre saímos pela 23 de Maio num sol de rachar o coco. Eu só pensava em água e quanto mais o sol rachava mais eu diminuía o ritmo.

Chegando na entrada do parque do Ibirapuera, a linha de chegada, tentei correr um pouco mais, mas num deu. Foi nessa hora que fui ultrapassada por um dos membros da “Equipe da 3ª idade de num sei onde”.

Mesmo assim não desisti da minha carreira de atleta, apertei o passo, completei a prova, mas não passei o velhinho, que seguiu correndo, num ritmo constante, até cruzar a linha de chegada.

A terceira corrida foram outros 10 quilômetros, a Nike 10. Não tinha desistido e até treinei um pouco, mas o que me matou foi uma festa de grátis, Open Bar, no sábado antes da corrida.

De ressaca, as 6:30 da manhã, lá estava eu. Uma chuva, um tempo horrível. Pensei em desistir, mas não deixaram.

Nos dois primeiros quilômetros quase morremos, eu e meu companheiro da cachaça no dia anterior. Se fosse Nike 2, teríamos feito em um tempo recorde, mas infelizmente o percurso era 5 vezes maior.

Sem desistir, porque o 47765 e o 47754 nunca desistem, completamos a prova em uma hora e muitos, mas muitos, minutos.

Depois dessa corrida vieram as festas, as férias e fui relaxando. A equipe se separou e, assim, acabei minha longa e promissora carreira de corredora.