Monday, May 12, 2008

Eu, atleta

- Ano passado quando corri a Nike 10...
- Hein? Você o quê?

Ele não foi o único que não conseguiu disfarçar o riso quando me ouviu falando da fase “atleta” que tive no ano passado. Na verdade não foi uma fase, foi mais um surto.

Quem me conhece um pouco sabe que sou uma negação em qualquer tipo de esporte coletivo e também não me dou muito bem nos esportes “cada um por si”. Coordenação realmente não é o meu forte, mas para correr não era preciso ter grande aptidão para os esportes, então resolvi tentar.

Tudo começou com uma campanha de incentivo da empresa. Formamos uma equipe meio bagunçada e decidimos a primeira prova, o Circuito das Estações – Inverno. Como não tinha muito tempo pra treinar resolvi ir só pra ver como era, e fui andando.

Domingo as 7:30 da manhã (não sei porque é sempre domingo de manhã), lá estava eu no Estádio do Pacaembu, fingindo que era atleta.

Conversei com um dos amigos da equipe, que me deu uns toques de como era a prova e como colocar o chip no tênis (para contar em quanto tempo cada participante completou a prova, é preciso colocar um chip amarrado no cadarço do tênis).

Também recebi o melhor conselho de todos, “Você tem que pensar que nunca vai chegar em primeiro, mas também nunca vai chegar em último. Sempre tem alguém pior do que você”.

Comecei a prova fingindo que corria. Logo no primeiro quilômetro fui ultrapassada por uma mulher com um carrinho de bebê. Foi triste, mas eu continuei.

Já estava feliz no 3º ou 4º quilômetro quando fui ultrapassada por duas senhoras de uns 50 e poucos anos. Essa doeu, mas eu segui firme e forte até o quilômetro 6º ou 7º, onde o pior aconteceu.

Estava tranqüila ouvindo meu iPobre quando sinto a presença de um cachorro. Um labrador lindo, creme, super atleta. Logo atrás do labrador, vinha um homem de óculos escuros, alto, moreno, super atleta. Notei alguma coisa errada e logo me toquei. “Nãoooo, fui ultrapassada até pelo ceguinho!!!!”.

Terminei a prova e estava indo embora quando ouvi, “Nossa você era a última pessoa que pensei em encontrar aqui”.

Ok, isso não foi nada bom para a minha auto-estima de atleta recém descoberta. Mesmo assim não desisti da minha carreira.

A segunda corrida foi um revezamento. Bem mais legal. Trabalho em equipe. Todo mundo se ajudando na logística de quem vai a que horas, quem ta chegando e quem ta saindo.

Eu, a única mulher da equipe, fiquei de fazer o último trecho, que apesar de ser o mais curto é o mais importante. Não preciso dizer que afundei o time...

Era quase meio dia quando o meu companheiro de equipe chegou todo esbaforido e me deu o chip, que marcava o início e o final de cada percurso. Eu e meu iPobre saímos pela 23 de Maio num sol de rachar o coco. Eu só pensava em água e quanto mais o sol rachava mais eu diminuía o ritmo.

Chegando na entrada do parque do Ibirapuera, a linha de chegada, tentei correr um pouco mais, mas num deu. Foi nessa hora que fui ultrapassada por um dos membros da “Equipe da 3ª idade de num sei onde”.

Mesmo assim não desisti da minha carreira de atleta, apertei o passo, completei a prova, mas não passei o velhinho, que seguiu correndo, num ritmo constante, até cruzar a linha de chegada.

A terceira corrida foram outros 10 quilômetros, a Nike 10. Não tinha desistido e até treinei um pouco, mas o que me matou foi uma festa de grátis, Open Bar, no sábado antes da corrida.

De ressaca, as 6:30 da manhã, lá estava eu. Uma chuva, um tempo horrível. Pensei em desistir, mas não deixaram.

Nos dois primeiros quilômetros quase morremos, eu e meu companheiro da cachaça no dia anterior. Se fosse Nike 2, teríamos feito em um tempo recorde, mas infelizmente o percurso era 5 vezes maior.

Sem desistir, porque o 47765 e o 47754 nunca desistem, completamos a prova em uma hora e muitos, mas muitos, minutos.

Depois dessa corrida vieram as festas, as férias e fui relaxando. A equipe se separou e, assim, acabei minha longa e promissora carreira de corredora.

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