Tuesday, December 09, 2008

Sol, chuva, frio, vento, Guinness e Leprechaun


Dublin é uma cidade engraçada, com gente muito engraçada. Não tinha a exata noção do que isso significava até colocar meus pézinhos 36 lá. Até esse dia só ouvia as histórias de um amigo que foi morar pra lá com a sua japinha, amigo esse que me recebeu por alguns dias em seu enorme cafofo.
No caminho do aeroporto até a casa deles tive meu primeiro contato com um Leprechaun, que à primeira vista que achei ser uma velhinha. (Segundo meu host friend preferido eles costumam se disfarçar de velhinhos)
Eu estava sentada com minha mala e minhas sacolas (nos vôos baratinhos a mala pode pesar até 10 quilos, mas não há limite de sacolas) quando entra uma velhinha com o guarda-chuva aberto, sim ela entrou em um ônibus semi lotado com o guarda-chuva aberto. A velhinha não conseguia fechar o guarda-chuva e eu, sensibilizada com a dor dela, me ofereci pra ajudar. Quando devolvi o guarda-chuva fechado e devidamente enrolado, recebi um sorriso simpático de volta.
Estava voltando ao meu mundinho quando ouço uma série de barulhos. Eram uns 10 pacotinhos de bala que a véinha deixou cair no chão do busão. Com cara de criança que fez traquinagem ela tentava, sem nenhum sucesso, pegar as balas do chão. O busão continuou andando o que dificultou ainda mais o processo. Como ninguém ajudou me senti na obrigação de fazer alguma coisa e quando levantei quase deixei as minhas sacolas rolarem pelo busão. Ajudei a pegar as balas e quando devolvi recebi um sorriso e um fofíssimo “Thank you love”, com sotaque irlandês.
Cheguei bem na hora do almoço e pra minha surpresa fui recebida com uma gororoba bem boa preparada pelo meu host friend preferido na Europa e sua japinha.
Presentes entregues, comida na barriga, com direito a sorvete de sobremesa, fomos dar uma passeio tipicamente irlandês, na chuva mesmo. Porque não?
Em Dublin é assim, chove, faz frio, faz calor, chove, venta, faz sol, faz frio, faz calor. Então você tem que encarar o tempo do jeito que estiver, com casaco, sem casco, com guarda-chuva e sem guarda-chuva.
Como eles tinham aula de manhã, fazia meus passeios tipicamente dublinescos + compras pela manhã e encarava as aventuras que eles propunham de tarde. Teve hospital (sim, uma longa história), praia, fábrica da Guiness, aulas de italiano de madrugada, countryside, castelo, balança, cemitério, mais um pouco de praia e aulas de violino, fora as ótimas conversas no trem sobre assuntos diversos, inclusive novela.

Ê saudades...


Ok, não era a primeira opção. Apesar de amar a cidade de paixão, desta vez queria visitar algum lugar diferente. Eram só 15 dias. Relutei, mas acabei indo e acabei chorando na hora de ir embora.

Voltar para Londres foi bom, mas me deu uma saudade...

Chegamos no mesmo aeroporto onde, anos antes, tinha passado a madrugada esperando um vôo para a Suécia. Aquele esquema que na época tinha me parecido tão estranho, agora era muito familiar.

Voltar a andar nas mesmas ruas, passar pelas mesmas lojas, passar em frente do apartamento em que morei durante poucos meses e talvez ver uma ou outra pessoa conhecida foi diferente.

A situação era outra, a companhia era outra e a casa era outra, mas parecia que tudo tinha ficado lá, do mesmo jeito que eu deixei há 5 anos.

Assim como da outra vez, aproveitei os jornais abandonados nos vagões do trem logo de manhã e me atualizei...

... e a praga foi pra Praga

Em viagem low budget é assim mesmo, a decisão é quase sempre depois de muita pesquisa e discussão sobre o custo/benefício da coisa. Depois de checar inúmeras vezes as passagens de avião decidimos que a viagem de Berlim pra Praga seria de trem e, no final, a viagem não poderia ter sido melhor.

Mesmo demorando 5 horas de um lugar para o outro, levamos pouquissímo tempo do hostel até a estação de trem. Como o trem estava vazio, ficamos em uma cabine para seis só nós duas e conseguimos tirar uma soneca boa durante umas boas horas de viagem. Comemos nosso famoso sanduba de salamen, sobremesas cheias de manteiga até que finalmente descemos numa estação de trem horrível, toda pichada e cheia de gente esquisita.

Entender tcheco, escrito and falado, é um desafio à parte. Nossa sorte foi que o guia da cidade nos ajudou a entender aquele monte de consoante.

Chegamos no hostel mais fácil do que esperávamos, já que para a o nossa sorte o tram era super moderno e aparecia escrito o nome de todas as estações numa telinha.

No hostel percebemos uma equação ótima: viagem low budget + hostel com cozinha = gororobas mil e até um milagre da multiplicação de ovos no café da manhã, tudo isso graças às habilidades culinárias da minha incrível companheira de viagem.

No segundo dia resolvemos fazer uma maratona morro acima para conhecer o Castelo de Praga. O calor tava grande e com o nosso preparo físico de atleta, chegamos lá em cima esbaforidas. Tão esbaforidas que ainda demoramos uns 5 minutos para conseguir apreciar a vista. Paramos num café e conseguimos comprar a garrafinha de água mais cara da Europa, foram 90 coroas, o que dá mais ou menos... hum.... deixa eu lembrar... muitos euros, mais do que o permitido pela Associação dos Produtores de Água Mineral do mundo.