Saturday, September 18, 2010

Tem pessoas...que querem que você seja uma pessoa melhor...

No mês de junho duas dessas pessoas saíram da minha vida. O coração da minha avó desistiu numa segunda feira. Na segunda seguinte, aquela doença levou um grande amigo, um provocador, como ele mesmo se dizia.


Por algum motivo bizarro até agora não tinha conseguido escrever sobre a minha avó. A véinha que ajudou a me criar, que não me deixava dormir até mais tarde e que insistia em me ensinar a cozinhar, costurar e tricotar.

Todas as férias que passei no sítio era a mesma coisa. “Vem aqui ver como se faz o feijão.”, “Vamos fazer um bolo?”, “Vem aqui ver como funciona a máquina de costura.”. A mais famosa de todas era, “Acorda que está sol e a piscina esta limpinha!!”.

Não preciso dizer que de tudo isso só sei fazer o bolo de chocolate, lembro vagamente de um ponto de tricô e que continuo acordando tarde, mesmo que esteja sol e que a piscina esteja limpinha.

Até o seu último dia de vida, ou penúltimo pelo menos, minha avó ainda não tinha desistido de mim. Toda vez que ela me via perguntava se eu já tinha arrumado um namorado e sempre ouvia a mesma resposta. No hospital, entre uma reclamação e outra, não se esqueceu de fazer a pergunta de sempre. Morreu sem que eu tivesse lhe dado um bisneto, mas com certeza está mexendo os pauzinhos com Ele, pra ver se eu desencalho.

O provocador se foi na segunda feira seguinte. Desde que eu o conheci, em 2005, ele sempre estava com uma idéia mirabolante e falava sobre isso de um jeito bem particular.

Ele era uma figura apaixonada pelo mundo gráfico e mandava todo mundo estudar no SENAI. No começo me ajudou muito a entender o que eu estava fazendo, trazia pain au chocolat e outros docinhos para embalar as tardes da galera, apresentava as pessoas com nome, sobrenome e uma ou outra informação importante, tirava fotos sem parar e sempre tinha um projeto interessante na cabeça.

No fim, um pouco desiludido, fez a maior torcida para eu dar um passo adiante. Meses antes de ele nos deixar, liguei dando a boa noticia. O sotaque gaúcho ainda estava lá, mas a força já lhe faltava. Aquela pessoa tão animada e agitada era um homem ofegante que gostaria de ficar horas no telefone para saber de todos os detalhes, mas estava cansado demais.