Tuesday, January 10, 2006

São Paulo, cidade louuuca

Em São Paulo você pode esperar de tudo, mas tribo indígena no Real Parque, foi a primeira vez.

No final deste ano a Carol, se formou em jornalismo e o tema do trabalho dela foram os índios da tribo Pankararu, do interior de Pernambuco.
Quando ela me falou do tema pensei comigo, “Pernambuco é meio longe, como será que ela vai fazer?”. Foi aí que ela me disse que os Pankararu têm uma comunidade bem mais perto do que eu imaginava, na favela do Real Parque, no Morumbi. Como adoro uma roubada me ofereci pra ajudar no documentário se ela precisasse. Não demorou muito ela me ligou.
Fui lá ajudar na gravação da comemoração do dia do índio. Teve dança típica, o “Toré”, feira de artesanato e um almoço para a comunidade.
Enquanto estava lá na quadra da escola onde fizeram a festa, fiquei observando os indiozinhos fantasiados e os mais velhos se preparando para a dança. Tinha muita criança, alguns moradores curiosos e algumas pessoas que tinham alguma ligação com a ONG ou com os índios.
Além dessa minha amiga, tinha mais uma pessoa fazendo um documentário, para um trabalho de mestrado, e também a percussionista Simone Soul que chegou acompanhada do marido, que toca baixo acústico, e de mais alguns músicos. A Simone e os outros músicos estão ajudando na captação das músicas para um CD para a ONG e naquele dia foram gravar as músicas religiosas usadas pela tribo.
A dança é bem interessante e confesso que gostaria de entender um pouco mais o que eu estava vendo. Tinha crianças muito pequenas participando, com aquelas roupas de palha que cobrem a cabeça e o corpo todo. Uma pena não ter alguém do lado pra me explicar os significados daquilo tudo.
Depois da dança fui conversar um pouco com a minha amiga e com a Dora que dirige a ONG ao lado do pai dela, o “Pajé” do Real Parque. Ela diz que o mais difícil é convencer os mais jovens a manter as raízes e aprender a cultura dos Pankararu. Com as opções que eles têm, às vezes não acham tão atraente aprender as danças e o artesanato da tribo.
No final de 2005, depois de passar uma semana lá em Pernambuco na aldeia, a Carol apresentou o trabalho e hoje ela é uma jornalista formada. Eu ainda tenho mais um ano, mas pretendo me enfiar em mais roubadas como esta para conseguir conhecer mais ainda as peculiaridades desta cidade.

Um pouco da História do Pnakararus:

Os Pankararu, começaram a vir pra São Paulo no início da década de 50 em busca de melhores condições de vida. Naquela época, obras grandes estavam sendo construídas na região do Morumbi - como o estádio de futebol e o Palácio dos Bandeirantes - e os índios decidiram fixar moradia nas proximidades.
Os Pankarus, como também são chamados, ocupam uma área de 14.300 hectares às margens do São Francisco nos municípios de Tacaratu, Jatobá e Petrolândia. Mas, parte do território possui muitas rochas, o que torna a agricultura inviável. Ao todo são cinco mil pessoas, cujo trabalho se concentra na lavoura de subsistência. Na aldeia, assim como aqui em São Paulo, ninguém fala mais a língua original da tribo.
Hoje, estima-se que vivem cerca de 700 pessoas, entre descendentes dos primeiros Pankararus e índios que vieram para São Paulo depois de 1956, quando a favela se formou.
Em 2003 os índios decidiram que precisavam preservar sua cultura mesmo longe de sua terra e para isso, formaram a ONG Ação Cultural Indígena Pankararu. O principal objetivo da entidade é desenvolver trabalhos que não deixem os rituais típicos se perderem.
Até hoje pouco foi feito devido à falta de apoio, mas eles têm muitos projetos como a produção de artesanato, a filmagem de um documentário contando a história da imigração, a gravação de um CD com as musicas da tribo e oficinas que ensinam a utilizar ervas medicinais no dia a dia e a confeccionar vestimentas usadas nos rituais.

Alguns links sobre os Pankararus:
Este é o link da ONG Ação Cultural Indígena Pankararu
http://www.setor3.com.br/sitesolidario/pankararu/
Este é pra saber um pouco mais sobre a tribo
http://www.socioambiental.org/pib/epi/pankararu/pankararu.shtm

1 comment:

Anonymous said...

Oh Tati,

"Larga mão" desse blospot e vai pro zipnet. Queria muito mandar esse post pra o Luis, que agora é leitor do meu blog (sim, eu tenho leitores)...mas não dá....no zip net tem uma opção "envie essa mensagem".
beijos. gostei, inusitado e informativo
lini