Tuesday, July 28, 2009

Todos os cães merecem o céu

Nunca tive cachorro e nem sei se gosto muito deles, mas é fato que me apego aos cãezinhos dos amigos e parentes, e realmente sinto quando eles vão para o céu dos cachorros.

Esta semana foram dois.

Primeiro foi o Juquinha, cachorro da Letícia. Ele estava véinho e já andava bem doente, até que não deu mais.

Ele era o primeiro que aparecia para recepcionar as visitas, ele pulava, fazia festa, adorava um papel higiênico, saia correndo pela sala de jantar com a sua almofada na boca, ficou bêbado de cerveja durante um churrasco, tinha medo de subir a escada com degraus vazados, ficou passeando pela bagunça enquanto a gente costurava uma roupa de festa junina e ficava ali quietinho enquanto a gente assistia um filme, como se estivesse prestando atenção.

Quando recebi a noticia estava de TPM, mas não foi por isso que meus olhos se encheram de lagrimas. Lembrei que o Juca era parte da família e mesmo não sendo a minha, ele era como um irmão mais novo da Letícia. Um irmão bagunceiro e sempre pulante, mesmo com 14 anos. É triste saber que vou chegar lá e ele não vai fazer festa e que nunca mais vou falar “Jucaaa!!! Desce!!!”, quando ele se apoiar na mesa para alcançar alguma comida ou mesmo um pedaço de guardanapo.

Domingo foi a vez do Gregui, o cachorro chabi da minha tia. O Gregui era tratado como criança, talvez o jeito da minha tia ter um neto, vai saber. Quando tomava água ele limpava o focinho num paninho e se chegava da rua limpava os pés pra andar no apartamento, sempre impecável, da minha tia.

Quando ia passear sempre queria fazer o mesmo caminho e se você tentasse mudar ele travava as quatro patas e só mudava de caminho se levasse ele no colo.

Ele era zen, ficava imóvel como um tapete, sempre quieto. Só latia mesmo quando via, ou sentia o cheiro, de alguém conhecido.

Uma vez estava cansada tirando um cochilo do sofá da minha avó quando ele chegou, cheirou o meu chulé no sapato e começou a latir loucamente. Eu fingi que não ouvi, mas ele não desistiu, apoiou as patinhas no sofá e aproximou o focinho da minha cara até eu acordar e falar o nome dele com uma voz esganiçada.

O Gregui era bem sociável e adorava dar uma volta de bicicleta com o meu primo dentro da mochila. La ia ele com os cabelos ao vento adorando o passeio.

Uma vez ele fugiu do pet shop, entrou numa vila e quase foi "seqüestrado" por uma mulher que passava. Recebeu o apelido de Fernandinho Beira Mar.

Há duas semanas ele ficou doente e teve que tirar o baço. Na cirurgia descobriram um câncer e lá foi ele fazer quimioterapia. Como era muito quietinho não reclamou muito durante e depois da sessão, mas próximo da segunda sessão ele começou a ficar esquisito, se afastou, procurou um cantinho e morreu em casa, sem fazer muito barulho.

A morte do “primo” também foi doída, já que ele estava melhor e eu até planejava visitar o doente durante a semana. Ele tinha um jeito único de fazer festa pra quem ele gostava. Ficava sentado e “andava” se arrastando com as patinhas da frente latindo que nem louco.

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